Entrevista com Jorge Lorenzo – “O meu desafio mais difícil!”

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Por 9 anos ele guiou pela Yamaha, o suficiente para pensar que nunca deveria ter saído de lá, mas então sua carreira tomou um rumo diferente. Ultimamente, felizmente ou infelizmente, Lorenzo parece não gostar das coisas com facilidade. Escolhe os caminhos mais inacessíveis, tropeça, levanta de novo, desliza, alonga o passo e, até agora, sempre chegou ao lugar mais alto.

Ele fez isso com a Ducati, conseguindo domar a fera vermelha. Ele está tentando com a Honda, mas as lesões e os primeiros contatos com a RCV não ajudaram muito, mas Lorenzo não é do tipo que joga a toalha.

Jorge Lorenzo

Lorenzo, como você definiria esse momento da sua vida?

“Estou enfrentando um desafio difícil. Eu geralmente gosto deles, mas apenas quando finalmente consigo superá-los”, (ele ri). “Caso contrário, torna-se difícil. É a vida. É como estar em uma montanha-russa, mas a beleza disso é que nada dura para sempre”.

Ultimamente você tem demonstrado escolher os caminhos mais difíceis.

“Isso é verdade, ir para a Ducati foi minha decisão, mas não com a Honda. Houve uma série de circunstancias que possibilitaram essa oportunidade”.

Os resultados demoram para chegar, você e a equipe terão paciência?

“Nós conversamos e eu disse que será um longo desafio porque a Honda não é uma moto que naturalmente se encaixa no meu estilo de pilotagem. Eu sofri lesões. Eu perdi os testes de Sepang. Tudo isso dificultou minha chegada na Honda. É necessário enfrentar este momento com paciência e saber que cada progresso será uma vitória”.

Para um campeão, o quanto é difícil aceitar que não é capaz de vencer?

“É difícil, mas há coisas piores na vida. Mais uma vez, tudo depende da perspectiva de como você vê as coisas. Eu sei, no entanto, que tenho muita sorte”.

Jorge Lorenzo

Já pensou em desistir?

“Nunca. Eu tenho um contrato de dois anos, e espero que os pequeno passos aumentem a motivação da minha equipe e minha”.

Você tem um contrato até o final de 2020. Você se vê andando até os 40 anos como o Rossi?

“Depende das motivações, das lesões que ocorrem, você não pode pensar a longo prazo. Aos 23 anos disse que queria parar aos 27 anos porque já teria passado muitos anos neste mundo. Agora eu tenho 32 anos e ainda estou aqui. Temos que pensar ano após ano”.

O que o motociclismo te deu e o que levou?

“Ele tirou um pequeno pedaço do meu dedo na minha mão”, Lorenzo ri, “Certamente tirou momentos de diversão com os amigos, tempo de lazer. Eu tive que treinar e me sacrificar, mas as pessoas normais também fazem sacrifícios nos seus dias. Uma vida perfeita é impossível, tive muita sorte”.

Olhando para trás, o que você não faria de novo?

“Eu cometi tantos erros, mas você não pode mudar o passado, e você só pode aprender com o que aconteceu. É inútil pensar sobre o que você poderia ter feito diferente”.

Como você descreveria seus companheiros de equipe: Rossi, Dovizioso e Marquez?

“Valentino é tecnicamente o mais parecido comigo, preciso e constante. Dovi é um piloto confiante, inteligente e legal, comete poucos erros, mas, tecnicamente, temos pouco em comum. Marquez é outra coisa. Ele é agressivo, ele tem um jeito físico de andar. Ele é muito rápido e não tem medo de cair”.

Qual foi o desafio mais difícil para você?

“A Yamaha foi uma moto natural para o Rossi e para mim. Ambos tivemos uma grande ambição, um nível semelhante e lutamos muitas vezes um contra o outro. Contra o Andrea, quando estava com a Yamaha, fui o mais rápido, ao contrário de quando cheguei a Ducati, ele já tinha uma ótima experiência com essa moto, mas no final consegui vencê-lo”.

Jorge Lorenzo e Marc

“O desafio com o Marc é o mais difícil. Certamente ele é um dos dois ou três maiores talento da história do motociclismo”.

Como você imagina um Lorenzo que não é mais um piloto?

“A liberdade de vida é muito importante. Você deve estar muito confiante antes de dar um passo importante como começar uma família ou ter um filho. Certamente é mais complicado do que assinar contrato com uma nova equipe(ele riu). Uma vez que meus dias de piloto acabem, eu gostaria de aproveitar as coisas que nunca fiz antes, como viajar pelo mundo, conhecer os melhores restaurantes, hotéis e praias”.

GPone.com

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